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Artigo: Prazer, professor!

Por Luís Pissaia


A docência começa sem querer, pelo menos no meu caso! Não me lembro de desejos pregressos sobre isso, somente que em alguns momentos minha mãe comentava que o sonho dela era ser professora, fato que inicialmente não se cumpriu nem com ela e muito menos comigo, que segui para a área da saúde.


Arquivo pessoal

A saúde, tão quão distante e próxima da docência. Como se pudesse um enfermeiro formar-se sem um professor! Fato é que a minha construção aconteceu por diversas mãos, e quando penso em números, perco as contas, talvez algumas dezenas de professores que nortearam o Luís, antes de enfermeiro ou de qualquer outro substantivo.


Lembro-me nitidamente da professora do primário, doce e afável ensinava os números, letras e posteriormente palavras. A lembrança remete ao caderno, que em sua capa simples, mas com pequenos ursos vestidos coloridamente completavam a magia daquela idade. Remeto às cenas dela escrevendo no quadro, apontando com o dedo indicador para as palavras do ditado, à motivação com que nos ensinava as primeiras lições da vida acadêmica.


Depois dela, muitas e muitos outros professores passaram, construíram conhecimento em conjunto com a bagagem já existente no cérebro e abriram os horizontes para tudo o que viria pela frente. Creio que cada professor foi responsável por um ciclo, cada qual com o seu papel no contexto da vida, responsabilizando-se por um trecho a ser trilhado e entregando ao final o bem mais precioso, o conhecimento.


Hoje sabemos que ao professor não cabe repassar o conhecimento e sim construí-lo em conjunto com o estudante. Mas o meu sentimento é de que estavam lá, naquela sala de aula para receber algo importante, o saber de alguém que detinha pelo menos algo a mais, informações novas, ligações importantes que naquele momento as conexões cerebrais nem imaginavam.


Você deve ter uma disciplina preferida, não é? Pois a minha sempre foi à literatura. Ler e analisar obras literárias, escrever textos dentro de diferentes gêneros e desbravar o universo dos escritores, esse sempre foi o ponto fraco. Anos mais tarde, a literatura colaborou para o gosto de novas disciplinas, como a arte, a histórias e as línguas. Hoje acredito que todas transitam por um mesmo campo em pontos distintos e o conceito de interdisciplinaridade desconhecido na época poderia ser aplicado e deduzido como viável para o ensino das disciplinas. Nesse quesito, o amor é pelo conteúdo, as informações trabalhadas, mas o professor também faz a diferença.


A matemática, por exemplo, é um conteúdo que não tive afinidade durante o ensino fundamental, mas que cativado pela professora que mostrava na prática a aplicabilidade dos cálculos, foi possível aprender fórmulas lembradas até hoje. O professor faz a diferença. O professor ensina o estudante a amar a sala de aula, já que ele mesmo a ama de forma incondicional.


Refletindo sobre os anos de escola, percebo hoje que de alguma forma, a docência aflorava em diferentes momentos, como naqueles em que auxiliava os colegas a retomar conteúdos no intervalo, nas trocas antes da aula em que explicava pequenos fragmentos do conteúdo. Tempos bons! Momentos de integração em que ganhava uma maça para ensinar o conteúdo ao colega. Não é por acaso que a maça é considerada o fruto do conhecimento, no meu caso era a forma de troca, incentivo para tal ação, um agrado, já que existia o coleguismo.


Mas voltando, a vida seguiu seu rumo, entrei para a enfermagem e o caminho transcorreu normalmente, como qualquer acadêmico curioso pelos processos que envolvem o cuidado ao ser humano. Contudo, os dias e os anos se passaram e as assessorias com os colegas evoluíram para estágios, pesquisas e o ensino. Ensinar virou rotina, apresentar trabalhos, pesquisar sobre novos modelos de ensino. Cada detalhe merece atenção. Cada instante merece ser refletido e ensinado a quem tiver interesse.


O mestrado e o doutorado coroaram aquilo que o cerne vislumbra, o ser docente em meio ao mundo. Ser professor é um cotidiano, é uma vida repleta de ensinos e aprendizagens, pluralizadas, pois ocorrem em todos os momentos e espaços. Sou professor, em todo o momento e, em qualquer circunstância.


Nesse dia 15 de outubro, parabéns para todos que exercem essa bela profissão.

Prazer, professor!


Sobre o autor - *Enf. Me. Luís Felipe Pissaia  - COREN/RS 498541

Mestre e Doutorando em Ensino

Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde

Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates 

Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP

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