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Tecnologias: a construção de espaços significativos

Por Luis Pissaia*


Quem nunca se viu sozinho em uma roda de conversa, onde os integrantes estão entretidos com seu aparelho celular? Pois essa solidão, mesmo em grupo é uma descrição atual para muitos cenários familiares, principalmente naqueles em que ocorre uma miscigenação de faixas etárias, algumas simpatizantes e ou outras avessas à tecnologia.



Antes de discutir esses cenários, é importante compreendermos o espaço que o celular recebeu principalmente na última década, para depois articular o fascínio que o ser humano possui por esses aparelhos tecnológicos.


Em um limiar histórico não tão distante, os smartphones estão completando 12 anos de existência e, por mais jovem que pareça ser, a evolução tecnológica não pode ser mensurada e sim observada e utilizada. Ano após ano aumentam os investimentos no desenvolvimento de smartphones inteligentes e que ofereçam inovação e cativem o usuário.


Usuário este, que no Brasil consumiu mais de um smartphone por pessoa em 2018 e, em 2019 já é contabilizado 230 milhões de aparelhos em uso, aumentando a média por habitante e fortalecendo a presença tecnológica nos espaços de interação humana. A revolução dos smartphones aconteceu em 2007, com o lançamento do iPhone, uma combinação certeira entre o iPod widescreen, o telefone celular e um comunicador de internet, traduzindo a especialidade de cada aparelho, em um só. Em seu lançamento, Steve Jobs mencionou que a tecnologia apresentada e que meses mais tarde seria lançada no mercado, iria “reinventar o telefone”. E foi o que aconteceu!


Mas o que o iPhone ofereceu de diferente? A experiência de uso! Uma experiência nunca antes vista pelos usuários, revolucionando a maneira em que as pessoas se comunicam com o mundo. Um misto de design arrojado, alta performance tecnológica e um ecossistema próprio de aplicativos, facilitando a atualização contínua e melhor desempenho, favorecendo o usuário.


Pois agora, está delimitada uma parte do fascínio que o smartphone representa para os seres humanos. Logo, construímos um espaço enriquecedor de interação entre aparelhos celulares e seus usuários, onde ambos compreendem-se em suas individualidades, personalizando preferencias e atualizando hábitos de vida.


Contudo, nem todos os espaços tomados pelo smartphone são de plena aceitação e tomados de felicidade e trocas produtivas entre aparelhos celulares e seres humanos. E neste momento, final de ano, festas de natal e ano novo planejadas, expectativa de família e amigos reunidos e, eis que o smartphone solicita seu espaço entre as pessoas.


E agora? Prevejo mães escondendo o celular de crianças, enamorados tendo longas conversas sobre o assunto, cozinheiras fazendo vlogs sobre suas receitas e mesas postas, pais atualizando os amigos sobre o placar dos jogos do brasileirão, adolescentes publicando seus storys... Em suma, um grupo cheio de vida! A tecnologia faz parte do nosso tempo, é difícil e diria até, impossível nos enclausurarmos sem um smartphone.


Ao definirmos que o smartphone faz parte do nosso tempo, assumimos os riscos dessa tecnologia em nossas mãos. Estamos aproveitando o que ele tem de melhor, as possibilidades de comunicação e interação com outras pessoas e serviços, mas ainda não mapeamos as perdas oriundas deste uso, quase que exacerbado. Possuímos apenas indícios que demonstram as perdas na interação social presencial que os smartphones e as redes sociais de seu ecossistema proporciona.


E, qual atitude tomar? Resposta difícil, diria que o primeiro passo é significar o uso do celular. Ao passo que, ao significar o uso do aparelho ou de determinado aplicativo, ele se torna importante e possui uma função específica no seu contexto vital. O uso do aparelho celular em excesso, deve ser observado, no sentido assertivo da situação, buscando equilibrar os espaços de convivência, o virtual e o presencial. Ambos os espaços são importantes, cada qual possui suas funções para os indivíduos e desempenham papéis nas redes sociais.


Caro leitor, não há forma de tirar o celular da nossa vida, ele pertence ao nosso momento histórico, assim como as pessoas que compõem o nosso grupo familiar e de amizades. As festas de final de ano se aproximam e, nesse momento é importante significar não somente as tecnologias, mas as nossas relações e se fazer presente em corpo e mente nos instantes de interação humana, fortalecendo os elos e qualificando a vida.


Sobre o autor:

*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia 

Enfermeiro COREN/RS 498541

Mestre e Doutorando em Ensino

Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde

Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates 

Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP

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