Por Vagner Oliveira*
O título desse texto diz muito sobre o que sou hoje e muito do que vivia até pouco tempo atrás. Sou alguém que sofre de ansiedade, já tive depressão e faço há anos terapia. Grande parte dessas doenças, acredito serem frutos da minha preocupação com os OUTROS e sua opinião sobre a minha pessoa, meu trabalho e minhas atitudes.
Não vou dizer que isso ainda não me preocupa, mas não como antes, hoje mesmo estou preparando uma palestra e apesar de já ter palestrado centenas de vezes, me dá um frio na barriga, me deixa ansioso, tira minha fome e me preocupa demais em pensar o que os outros irão achar. Em primeiro lugar, eu deveria estar tranquilo, pois, já palestrei sobre esse tema e só o fato de me convidarem, tendo milhares de advogados, já deveria ser minha segurança. Mas não é tão fácil. Assim como nas minhas redes sociais, que sou “amigo” de algumas pessoas, porém, estão bloqueadas a verem meu dia-a-dia, com o medo do julgamento ou para evitar estresses.
Ainda temos a cultura de o fato de eu ser advogado, me exclui de diversas outras coisas, mas sou Advogado e Pessoa também, tenho uma vida, além da profissional e uma coisa, muitas vezes, não interfere na outra.
O ser humano é uma espécie naturalmente social, e por mais que algumas pessoas não queiram admitir, precisamos das interações para sermos efetivamente felizes. Com isso, em algumas situações é muito importante ficar atento a comportamentos e palavras que possam prejudicar os diversos relacionamentos que são desenvolvidos em uma vida saudável.
Porém, a preocupação excessiva com a opinião alheia pode levar à transtornos psicológicos que aprisionam o indivíduo em um círculo de ações, sentimentos limitantes e muito sofrimento. Existem várias consequências e sintomas comportamentais que evidenciam quando alguém preocupa-se excessivamente como a opinião alheia, podendo levar o indivíduo a fobias sociais.
Por isso, que muitas vezes eu comento que algumas pessoas vivem um personagem, pois, em alguns momentos revelam quem realmente gostariam de ser, mas não são, por causa dos outros.
Existem aqueles que fazem muito para manter uma imagem ou status dentro de um contexto social, sempre tentando agradar a todos, e com isso sentem-se constantemente esgotados e preocupados em manter o padrão e por outro lado, aqueles que desistem de manter o padrão e preferem se isolar, para evitar qualquer tipo de julgamento alheio, ou comparação, e com isso limitam as suas possibilidades de desenvolvimento pessoal, profissional e nos relacionamentos.
Nos dois casos existe uma grande dificuldade do indivíduo em dizer não aos outros e com isso o sofrimento torna-se inevitável. Especialmente porque a mente do indivíduo está predominantemente no futuro, focada na preocupação crônica sobre o que podem achar ou dizer sobre ele, e essa preocupação excessiva inevitavelmente o levará a sentir-se inseguro, com vergonha, ressentido ou culpado.
Com isso, vem as consequências sociais, prejudicando o desenvolvimento profissional e os relacionamentos mais íntimos, fazendo escolhas pensando nos outros: a escolha da profissão, com quem casar, a hora de casar, quando ter filhos, quando se aposentar e muitas outras.
E também as consequências para a saúde, estresse, ansiedade, síndrome do pânico, depressão, fobia social ou até doenças físicas, podendo ter ainda outros problemas como: comer demais, distúrbios sexuais, fumar ou consumo exagerado de álcool e drogas.
Essa necessidade de aprovação alheia é estudada pela psicologia e psiquiatria há anos, durante minha faculdade devido minha condição sexual, tinha que provar que apesar de ser gay, eu era um ótimo aluno, educado, bem vestido... Hoje tenho que buscar outras aprovações, que me perseguem, que muito tem a ver com meu passado, o que trabalho em terapia, essas “amarras”.
Mas o mais importante é a empatia, os outros perceberem isso e lhe ajudarem, ou ainda, você perceber rapidamente e reverter, o que é possível, pois não tem dinheiro que compre sua paz e seu bem-estar.
Da mesma maneira ocorre com as pessoas que preocupam-se demais com a opinião alheia. Em algum momento de suas vidas houve uma grande falta em sentir-se incluso, aceito ou reconhecido dentro de um contexto social, provavelmente durante a infância, e com isso é impelido buscar desesperadamente por isso, ou a rejeitar totalmente as relações sociais de forma mais ampla. Depende da personalidade desenvolvida.
Vejamos: Um camponês idoso estava precisando de dinheiro imediato e resolveu vender o seu jovem e forte burro na feira da cidade. Como a previsão era retornar caminhando, resolveu chamar o seu filho caçula de 12 anos, para acompanhá-lo. Montaram os dois no animal e seguiram viagem. Passando por umas barracas de escoteiros, escutaram os comentários críticos: “Que falta de compaixão… como é que pode, duas pessoas em cima deste pobre animal!”.
Incomodado pelo comentário o camponês resolve então que o menino desceria, e ele permaneceu montado para prosseguirem na estrada. Um pouco mais a frente havia uma lagoa e algumas senhoras estavam lavando roupas. Quando viram a cena, puseram-se a criticar: “Que absurdo! Essa criança é muito jovem para essa dura caminhada. Poderia deixá-la em cima do animal.”
Constrangidos com o ocorrido, pai e filho resolvem trocaram as posições, ou seja, o menino montou e o idoso desceu. Depois de um bom trecho percorrido eles encontram algumas jovens sentadas na calçada de frente a algumas casas. Assim que viram o idoso e o menino externaram imediatamente o seu espanto: “Que menino preguiçoso! Enquanto este idoso senhor caminha, ele fica descansado sobre o animal. Tenha vergonha!”
O jovem ficou bem desconcertado com o comentário e resolveu descer do animal. Desta vez o idoso permaneceu como estava e ambos resolveram caminhar, puxando o burro. Já acreditavam ter encontrado o formato mais correto quando quase 1 quilometro depois passaram em frente a um bar. Alguns homens que ali estavam começaram a dar gargalhadas, fazendo chacota da cena: “São mesmo uns idiotas! Ficam andando a pé, enquanto puxam um animal tão jovem e forte!”
Pai e filho olharam um para o outro, como que tentando encontrar a maneira correta de agir. Então, finalmente ambos pegaram o burro e o carregaram nas costas!
Ou seja, NUNCA, você irá contentar a todos, sempre será alvo de críticas quando fizer algo, pois só é criticado quem faz algo, e é muito mais fácil criticar do que fazer. As pessoas sempre irão falar do seu corpo, das suas roupas, do seu jeito, do seu trabalho... mas aí você tem que ver a importância dessas falas na sua vida.
Lembre-se de que você não vai agradar sempre a todos.
Observe quais pensamentos são reais e quais são fantasias.
Tenha em mente que você não tem controle sobre o que os outros pensam.
Não deixe que o outro te desestabilize.
Liberte-se dessas tristes pessoas, que existem em todos os lugares, pois o problema está nelas e não em você. Viva intensamente do jeito que sempre sonhou e seja feliz!!!
“Tem gente que sonha com realizações importantes, e há quem vai lá e realiza”.
George Bernard Shaw
*Vagner Oliveira - Advogado
Especialista em Direito Homoafetivo
Pós-Graduado em Processo Civil
Instagram: @eu.vagner
Contato: advogadovagner@hotmail.com
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