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Uma borboleta no asfalto

Por Ana D´Avila*


Se ela estivesse sobrevoando um jardim florido, seria lógico e natural. Porém, estava num alegre voo pela Avenida Teresópolis, em Porto Alegre. Cena rara de se ver, quando se é urbano.


borboleta no asfalto por ana d'avila
Imagem de Erik Karits por Pixabay.

Os carros enfileirados na sinaleira, e as pessoas envolvidas com a correria de seus compromissos nem a notaram. O que faria uma borboleta amarela numa área que não mais é sua? Seria uma borboleta urbana, já totalmente familiarizada com o cheiro do asfalto e com o corre-corre do final de ano? Sei não! A borboletinha linda intrigou-me. Aproximei-me dela. Parecia dócil. Entre rasantes e zigue-zagues, num contato quase telepático, veio em minha direção. Estagnou um pouquinho diante de mim. Como um ser imprevisível e mágico, pareceu-me dizer: “Oi”.


Entendi a provável mensagem. Respondi: “Olá borboleta amarela, tu és tão linda”. Numa inclinação repentina, em linha reta, ela continuou passeando pela Avenida. Os canteiros onde havia pousado não eram de flores, nem de ervas aromáticas. Pareceu-me preferir e sentir prazer no sobrevoo entre arbustos do perímetro urbano.


Nestes tempos de poluição até a natureza está se modificando. Os animais de toda espécie, se adaptando a novos habitats. Anos atrás seria difícil imaginar uma borboleta solitária circulando entre automóveis numa via cheia de perigos e movimentação. O lugar preferido das borboletas é, sem dúvida, onde se encontram as maiores variedades de plantas, flores e frutas.

Mas ela estava lá, em meio a multidão.


É primavera, e nesta época a maioria dos insetos sai em busca de alimentos. Borboletas normalmente, costumam tirar néctar das flores. Mas muitas se alimentam também do pólen, de frutas e da seiva das árvores. Borboletas adultas se alimentam pela ingestão de líquidos. Elas possuem um tubo longo e estreito em sua boca, chamado de tromba. Funciona como um canudo para a sucção.


As borboletas, com exceção dos desertos áridos e da Antártida, são facilmente encontradas por quase todo o planeta. Outra característica desses belos animais são seus hábitos de vida diurna, o que nos permite apreciá-las frequentemente.


Quanto ao tempo de vida de uma borboleta, depende de muitos fatores: sua espécie, onde vive e a ação dos predadores como pássaros e outros animais. Em média, borboletas vivem cerca de duas semanas. Já uma espécie tropical pode viver de seis meses a um ano.


Para a lagarta se transformar em borboleta, ela passa por uma mudança anatômica chamada metamorfose. O processo começa quando o inseto vira “pupa”, período em que fica dentro de uma proteção.


A borboleta amarela da Avenida, parecia em sua fragilidade, uma fada dançando no ar. Como numa mensagem espiritual seguiu seu caminho. Afirmam os esotéricos que a borboleta é símbolo da transformação, da beleza e da renovação da natureza. Diz a lenda que observar uma borboleta amarela é sinal de felicidade. Leitores amigos, observem mais a primavera.


Ela esconde mistérios e segredos.



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*Ana D'Avila

Jornalista, cronista e poetisa.


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