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Pandemia do medo


Há alguns meses estamos vivendo uma pandemia mundial, provavelmente todos estão cientes da gravidade em que a crise de saúde se encontra e o medo é um sentimento presente no cotidiano da população. O medo enquanto sentimento é suscitado como uma sensação que gera no organismo um estímulo de alerta, quando a pessoa incorpora uma ameaça e a partir disso, desenvolve problemas físicos e psíquicos que podem se tornar uma patologia.



Desde que a Organização Mundial da Saúde anunciou o estado de pandemia, a população mundial ficou em alerta, esse estímulo ainda que por vezes ligado ao instinto, gerou situações de ameaça à vida humana. Nesse momento em que o medo surgiu, o sentimento tornou-se presente no cotidiano da população e demonstrando a realidade para uma sociedade que não se encontra preparada parra enfrentar uma pandemia.



Há poucos dias propus uma enquete em uma das minhas redes sociais, a primeira indagava sobre ter medo ou não quanto à pandemia do novo Coronavírus, e nos resultados é possível identificar que 60% possuem algum tipo de medo e os demais, 40% declararam inexistência de medo sobre a pandemia. O resultado é significativo e discutindo com alguns dos meus interlocutores, o medo é um sentimento inerente à ameaça da vida, já a sensação de inexistência do medo, não está ligada a complacência com a crise, mas ao modo em que a pessoa assimila o seu sentimento.


A seguir, em um questionário aberto, os interlocutores da rede social puderam descrever o seu medo perante a pandemia. Em resposta, foram identificados majoritariamente três pilares do medo: em primeiro o medo de passar o vírus para os familiares, seguido pelo medo de ser infectado e apresentar um quadro grave e por fim, de perder a vida. Senti nas palavras o sentimento das pessoas perante o medo de perder um ente querido, de padecer sob uma situação pouco conhecida e ainda perder a vida em relação a um agente invisível e que surgiu há alguns meses.


Caro leitor, após esses resultados é fácil compreender a existência do medo dentre a população. Como mencionado anteriormente, a ameaça vida humana suscita esse sentimento e afloram algumas faces nas pessoas, algumas se tornam egoístas com seus recursos, já outras desenvolvem ainda mais a capacidade de auxiliar e cuidar dos demais.


Contudo, mesmo com a presença do medo no contexto da pandemia, esse sentimento não pode tornar-se uma trava nos movimentos e articulações contra a crise que se mostra bem nutrida. Sim, há um grupo populacional evidenciado como pessoas de risco caso infectadas pelo vírus, mas no restante das situações a prevenção se encontra nos pequenos gestos que deveriam acontecer no cotidiano, mesmo sem a ocorrência da crise.


A crise ameaça a vida e não deve afetar a sanidade da população, pois esta conta com ferramentas de cuidado bem divulgadas e disseminadas dentre a sociedade, disponíveis e ao alcance de todos. Tenho observado que as comunidades estão mobilizadas para o cuidado perante a crise, defendendo sua população por meio de políticas públicas que visam à defesa da vida e o bem-estar do ser humano.


Sendo assim, o medo é inerente à fase em que a humanidade enfrenta, pois pouco se sabe sobre aquilo que nos aflige no presente e menos ainda sobre o futuro da população. Assim, sugiro revisitar os seus medos e buscar na essência a ressignificação dessa ameaça em prol da sua proteção e dos demais.

Sobre o autor:

*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia 

COREN/RS 498541


Mestre e Doutorando em Ensino

Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde


Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates 


Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP

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