CONFIANÇA
- Felipe Saraiva
- há 14 horas
- 2 min de leitura
AQUI, A VIDA VIAJA NA POLTRONA 12A

Você já parou para pensar em quantas vezes por dia você entrega sua vida nas mãos de um desconhecido?
Pode parecer exagero, mas pense bem: quando você entra em um ônibus, embarca em um trem, pede um aplicativo de transporte ou sobe a bordo de um avião, você está confiando sua segurança a alguém que, na maioria das vezes, você nunca viu antes. Ainda assim, você segue viagem — confiante, ou ao menos, esperançoso.
Essa confiança invisível é sustentada por algo muito mais robusto do que um simples “vai dar tudo certo”. Ela é sustentada por sistemas rigorosos de formação, regulação e fiscalização, especialmente no setor da aviação, onde cada decisão tomada a 35 mil pés de altitude carrega vidas e responsabilidades gigantescas.
Quem está no cockpit?
O piloto de um voo comercial não é apenas alguém que sabe "dirigir" um avião. Ele é um profissional altamente treinado, avaliado, reavaliado e regulamentado, com um ciclo contínuo de aprendizagem técnica, tomada de decisão sob pressão e, principalmente, responsabilidade sobre vidas humanas.
No Brasil, para se tornar Piloto de Linha Aérea (PLA), é preciso:
Possuir pelo menos 1.500 horas de voo, somadas ao longo da carreira.
Ser aprovado em provas teóricas complexas aplicadas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
Passar por treinamentos práticos em simuladores de voo com cenários adversos (desde pane em sistemas até condições meteorológicas severas).
Manter-se recorrentemente apto nos exames médicos de saúde física e mental, incluindo:
Avaliação psicológica inicial e periódica, conforme diretrizes de Fatores Humanos.
Exames toxicológicos de larga janela de detecção, inclusive aleatórios.
Testes oftalmológicos, auditivos e cardiovasculares completos.
Além disso, existe o chamado Treinamento Recorrente, obrigatório para todos os pilotos em atividade, que ocorre a cada 06 meses, com simulações práticas em situações críticas, como incêndio a bordo, perda de motor, despressurização ou pouso de emergência. Se não for aprovado, o piloto não voa. Simples assim!
E a empresa aérea?
As companhias aéreas também são auditadas, fiscalizadas e certificadas pelas autoridades nacionais e internacionais. Para transportar passageiros comercialmente, elas precisam cumprir centenas de requisitos técnicos, operacionais e de segurança estabelecidos por órgãos como:
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil (Brasil)
ICAO – Organização Internacional da Aviação Civil
IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo
Elas são obrigadas a manter um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO), rastrear tendências de risco, reportar ocorrências, tratar não conformidades, qualificar seus fornecedores e garantir a capacitação contínua de suas equipes.
Confiança não é cega — é construída
É por isso que, quando você fecha o cinto na Poltrona 12A e ouve o som dos motores acelerando na decolagem, há mais do que adrenalina em jogo. Há uma cadeia inteira de controles, pessoas treinadas e sistemas robustos funcionando silenciosamente para que você vá do “Ponto A” ao “Ponto B” com segurança, precisão e profissionalismo.
A confiança, na aviação, não é improviso. É um compromisso diário com a excelência. Ela nasce do rigor técnico, da cultura organizacional voltada à Segurança e do entendimento de que QUEM TRANSPORTA VIDAS, CARREGA O MUNDO DE ALGUÉM NAS MÃOS.

*Felipe Saraiva - Administrador de Empresas
Especialista em Marketing e Responsabilidade Socioambiental
Contato: fellipesaraiva@hotmail.com
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