Por Luis Pissaia*
Cansaço extremo, cobrança excessiva e ambiente tóxico, alguns dos causadores da estigmatizada síndrome de Burnout. Com origem na língua inglesa, Burnout é um termo com significado aproximado com “queimar até as cinzas” ou “queimar-se por completo” em comparação com o fósforo, em que uma potente chama queima após a fagulha inicial e por mim cessa e reduz-se a pó.
Dessa forma, Burnout serviu para o propósito de Freudenberger, renomado psicanalista, defender o seu próprio diagnóstico após um período exaustivo de trabalho, em meados de 1974. Vale ressaltar que antes da década de 70, a síndrome não possuía um viés clínico para diagnóstico e tratamento, aceitava-se que o individuo sofria de um distúrbio psicológico de amplo aspecto, um direcionamento comum para a época.
Assim, Burnout é definida atualmente como uma síndrome com características variadas em resposta a um stress laboral crônico, ou seja, relaciona-se diretamente com a ocupação do indivíduo. Algumas profissões possuem maior risco para o desenvolvimento da síndrome do que outras, principalmente aquelas com envolvimento interpessoal. Profissionais da saúde, professores, atendentes, recursos humanos, autônomos e ainda aqueles que desenvolvem dupla jornada laboral possuem um risco maior de desenvolver Burnout.
O diagnóstico da síndrome é um tanto complexo, pois a ciência não dispõe de dispositivos ou testes para identificação imediata, dessa forma a investigação profissional consiste em acolher e escutar o indivíduo, além de avaliar minuciosamente as condições de trabalho. Os principais indicativos da síndrome de Burnout consistem na tríade: exaustão, ceticismo e ineficácia.
A exaustão é caracterizada por uma condição de cansaço permanente, que não cessa com períodos de descanso, final de semana, folga ou férias. Da mesma forma, o ceticismo é responsável por desacreditar o indivíduo quanto a sua condição de bem-estar. E, por fim a ineficácia, justificada pelas cobranças excessivas, metas inalcançáveis e retaliações. Pode-se comparar o Burnout com uma casa vazia com as luzes ligadas, o indivíduo está presente no meio físico, mas incerto com a desordem psicológica.
Alguns sinais e sintomas são identificados ao longo da ocorrência da síndrome, auxiliando na percepção e ajuda no ambiente pessoal e profissional. Sinais como o cansaço, irritabilidade e autonegligência se unem aos sintomas de ansiedade, alterações cardiovasculares, perda de memória e dificuldade na concentração e no padrão do sono. Em qualquer cenário, os familiares, colegas de trabalho, lideranças e equipe de saúde podem ficar atentos a esses indicativos.
A pandemia que assola o país, aliada a crise política e econômica influencia diretamente no aumento dos casos de Burnout. 44% dos brasileiros sofrem com a exaustão relacionada ao trabalho, retrata uma pesquisa divulgada pela Revista Viva Saúde neste ano. Home office com carga de trabalho extenuante, isolamento social, acúmulo de funções, a pandemia potencializa o desenvolvimento da síndrome de Burnout a medida que as demandas por produtividade aumentam.
Mas nem tudo está perdido, com o acompanhamento adequado, aplicação de tratamento medicamentoso e/ou psicoterápico, o indivíduo apresenta boas taxas de melhora. A adoção de bons hábitos ajuda a prevenir a ocorrência da Burnout. Alimentação saudável, prática diária de atividade física, além de uma rotina pessoal e profissional regrada, incentivada pelo convívio social, são formas de combater o stress excessivo.
Se você está vivenciando alguma dessas situações, busque apoio profissional. A jornada fica leve quando compartilhamos com as pessoas que possam nos auxiliar.
Sobre o autor - *Enf. Me. Luís Felipe Pissaia - COREN/RS 498541
Mestre e Doutorando em Ensino
Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde
Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates
Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP
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