As obras são coloridas, encantadoras e muito representativas. Os traços, os detalhes permitem horas de contemplação para compreender as emoções do autor.
Por Lizi Ricco
Deivid Bizer é um artista influenciado pela arte urbana, iniciou seus ensaios artísticos em 2001, na Zona Norte de Porto Alegre, onde reside. Começou a pintar depois que amigos conheceram o graffiti e lhe apresentaram o universo da cultura Hip Hop. Já desenhava desde pequeno, quando fez seu primeiro graffiti e apaixonou-se.
Iniciou fazendo letras no estilo wildstyle, forma de graffiti que incorpora letras e formas entrelaçadas e sobrepostas. Após, passou a desenhar bonecos, personagens e então identificou que faltava algo em seu trabalho, o que descreveu como: emoção e sentimento.
Identidade e representatividade
Buscando expressar mais emoções em sua arte, passou a desenhar bonecas. Atualmente traz em seu trabalho uma identidade expressiva em que a figura feminina é protagonista, representada por uma personagem que levou anos até ser concebida completamente em forma e traços para que se encaixasse em todas as suas obras, transmitindo sensibilidade e emoção. Para Bizer a mulher, diferentemente do homem traz uma carga de emoção mais forte.
“Hoje faço letras, cenários e a boneca é a principal representação, com suas características únicas. Com isso carrego uma carga muito maior de responsabilidade, pois também fui criado em uma sociedade machista e, sendo assim, tento melhorar as atitudes e principalmente cuidar bem o que eu passo e transmito com meu desenho, de forma que não afete negativamente nenhuma mulher, mas sim, que represente de forma muito positiva a feminilidade,” conta Bizer.
Preocupação com a mensagem
No contexto acerca do seu trabalho como grafiteiro, o artista também é cuidadoso em outros aspectos... “cometemos erros, mais hoje existe um grande cuidado. Para mim não é só pintar uma parede, ficou bonito e legal, eu sempre me preocupo com as pessoas que circulam naquele espaço/ambiente e sei que quando estou fazendo algo, estou representando todos os grafiteiros e artistas do Rio Grande do Sul. Se eu fizer algo errado ou que afete alguém ou passe na parede ou qualquer outro suporte uma mensagem errada, irá haver cobrança, então me preocupo com cada detalhe da obra compartilhada”, destaca.
“Costumo dizer que todos fazem parte da obra criada, sempre há pessoas que acompanham e mandam energia para que tudo dê certo e a gente evolua. Sou muito grato a todos que de alguma forma fazem parte do que eu crio”.
Novos projetos
Acumulando participações em diversos encontros de graffiti e desenhos expostos em várias cidades do RS, e pelo Brasil, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Santa Catarina e Curitiba, Deivid está em fase de desenvolvimento de um novo projeto.
“Estou preparando uma nova exposição, que está no processo de criação das obras. O trabalho com o graffiti hoje é reconhecido, tem um público fiel e tem um mercado grande e promissor, que não vê com tanto preconceito a nossa arte de rua. É possível viver da arte, o que não é fácil no começo, mas para quem ama, se dedica e tem foco, dá certo!”
Além de artista, Bizer atua como arte educador e arte terapeuta, unindo saúde e arte. É formado como Agente Cultural, desde 2003, e vem trabalhando com oficinas, palestras e workshops de graffiti para crianças, adolescentes e professores universitários.
Para conhecer mais sobre seu trabalho siga o instagram @deivid_bizer.
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