Por Vagner Oliveira*
Como sabem sou Advogado, gay e especialista em direito homoafetivo há 7 anos e tenho muito orgulho da pessoa que me tornei e da minha profissão.
Sempre falo que se eu pudesse “escolher” em uma nova vida a minha orientação sexual, escolheria novamente ser homossexual.
Todos os anos, há 52 anos, no mês de junho demonstramos ainda mais nosso orgulho. Este mês é repleto de eventos voltados a nossa comunidade, vemos as cores do arco-íris em todos os cantos.
Algumas pessoas devem se perguntar o porquê de junho ser mês do orgulho LGBTQIA+, e um fator crucial, são as manifestações que aconteceram em 1969 nos Estados Unidos, durante o mês de junho que marcou o movimento LGBTI. Para começarmos, de acordo com pesquisadores, em 28 de junho de 1969, aconteceu a Rebelião de Stonewall, essa ação foi marcada por uma série de manifestações violentas e espontâneas de pessoas LGBTQIA+ contra a polícia em Nova York.
Até os anos 1960, os Estados Unidos tinham uma legislação anti-LGBT muito cruel. Era crime amar alguém do mesmo sexo, mesmo se fosse dentro de casa e consensual. Um relacionamento LGBT, até os anos 1960, podia levar até à prisão perpétua nos EUA. Castração, choque elétrico e lobotomia – cirurgias que retiravam parte do cérebro do paciente – eram usadas para tentar “curar” homossexuais.
A invasão que motivou os confrontos aconteceu no bar Stonewall Inn, no bairro Greenwich Village, em Manhattan, em Nova York, nos Estados Unidos. Toda a agitação foi considerada como um dos eventos mais importantes que levou ao movimento moderno da libertação gay e a luta pelos direitos LGBT’s no país.
A tensão entre a polícia e os gays que moravam no bairro acarretaram ainda mais em protestos que seguiram na noite posterior, e em várias noites consecutivas. Em semanas, os residentes de Greenwich Village organizaram grupos ativistas para concentrar todas as forças em estabelecimentos, em que gays e lésbicas pudessem frequentar sem medo de serem presos.
Após esses motins de Stonewall, foram fundadas várias organizações de direitos homossexuais ao redor dos Estados Unidos e no resto do mundo. Já no ano seguinte, em 28 de junho 1970, aconteciam as primeiras paradas do orgulho gay, que ocorreram em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago, em comemoração ao aniversário dos motins.
Atualmente, as paradas LGBTQIA+ são realizadas anualmente ao redor do mundo como forma de comemorar as conquistas feitas em Stonewall.
No Brasil, a parada do orgulho LGBTQIA+ de São Paulo foi nomeada a maior parada do mundo pelo Guinness World Records, a qual participo há anos e tenho orgulho em ter apresentado o maior prêmio de diversidade do Brasil, um dia antes da Parada em São Paulo.
Hoje ainda estamos numa busca incansável de direitos para a comunidade, mas estamos avançando há pequenos passos, basta ver como era há alguns anos. A questão toda está ligada no respeito recíproco, mas jamais devemos deixar de sermos quem somos.
O Brasil tristemente continua no topo do mundo como o País que mais mata LGBTs, precisamos mudar esse cenário, mas enquanto isso, nossa luta é diária e constante.
Quer entender os termos que todas as letras da comunidade abrigam? Não deixe de ler este texto até o fim. No entanto, antes de embarcar nas cores do arco-íris, é preciso entender os conceitos: identidade de gênero, sexualidade, orientação sexual e expressão de gênero.
IDENTIDADE DE GÊNERO: é a forma que a pessoa se entende como um indivíduo social.
EXPRESSÃO DE GÊNERO: é como o indivíduo manifesta sua identidade em público, a forma como se veste, sua aparência (corte de cabelo, por exemplo) e comportamento, independentemente do sexo biológico.
SEXUALIDADE: está relacionada à genética binária em que o indivíduo nasceu: masculino, feminino e intersexual.
ORIENTAÇÃO SEXUAL: tem a ver com o desejo de se relacionar afetiva e/ou sexualmente com outros gêneros. Em um ciclo natural, essa descoberta acontece entre a infância e o início da adolescência, mas, por preconceito e discriminação, ela pode ser bloqueada e até mesmo negada.
Esclarecidos esses pontos, conheça algumas das definições contidas na sigla LGBT+ a seguir. Mas saiba que, independentemente de todos os nomes que você conhecerá mais a fundo, o importante é respeitar a nomenclatura com a qual o indivíduo se identifica e como ele se autodenomina.
AGÊNERO: aquele que tem identidade de gênero neutra.
ANDRÓGENO: é a pessoa cuja expressão de gênero transita entre os dois polos, homem e mulher. Em geral, o andrógeno usa roupas, corte de cabelo e acessórios, por exemplo, considerados unissex.
ASSEXUAL: aquele que não possui desejos sexuais.
BISSEXUAL: pessoa que sente atração por homens e mulheres.
CROSSDRESSER: oriundo do fetiche do homem de se vestir como mulher, o crossdresser usa roupas do gênero oposto ocasionalmente, mas não faz modificações permanentes.
DRAG QUEEN/KING: refere-se ao indivíduo que se monta de acordo com o gênero oposto para performances artísticas.
GAY: homem que sente atração sexual/afetiva por outros homens.
GÊNERO FLUIDO: pessoa que é ou se entende como mulher em algum momento da vida, homem em outro, e transita por outras identidades de gênero.
INTERSEXUAL: o termo substitui a palavra “hermafrodita” e define a pessoa que tem características sexuais femininas e masculinas – genitália e aparelho reprodutor.
LÉSBICA: mulher que sente atração sexual/afetiva por outras mulheres.
NÃO BINÁRIO: o não binário sente que seu gênero está além ou entre homem e mulher e pode defini-lo com outro nome e de maneira totalmente diferente.
PANSEXUAL: atração sexual ou romântica por qualquer sexo ou identidade de gênero.
QUEER: ao pé da letra, a palavra significa estranho e sempre foi usada como ofensa a pessoas LGBT+. No entanto, a comunidade LGBT+ se apropriou do termo e hoje é uma forma de designar todos que não se encaixam na heterocisnormatividade, que é a imposição compulsória da heterossexualidade e da cisgeneridade.
TRAVESTI: pessoas que nasceram no gênero masculino, mas se entendem pertencentes ao gênero feminino, porém não reivindicam a identidade “Mulher”.
TRANSEXUAL/TRANSGÊNERO: é o indivíduo que se opõe, que TRANSgride e TRANScende a ideologia heterocisnormativa imposta socialmente. Pessoas que assumem uma identidade oposta ao gênero que nasceu, que sentem-se pertencentes ao gênero oposto do nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico e não do físico, pois nestes casos pode haver ou não uma mudança fisiológica para adequação.
CISGÊNERO: é quando a identidade de gênero do indivíduo está de acordo com a identidade de gênero socialmente atribuída ao seu sexo.
Lembre-se homofobia é crime e você deve ter muito orgulho da pessoa que é. Tenho tantos motivos pra me orgulhar. Tenho orgulho porque antes de qualquer moral/bom costume eu respeito o que sinto e o que sou. Tenho orgulho porque me tornei uma pessoa que sabe respeitar a diferença. Quando você é minoria, você luta por todas as minorias e isso se torna grande.
*Vagner Oliveira - Advogado
Especialista em Direito Homoafetivo
Pós-Graduado em Processo Civil
Instagram: @eu.vagner
Contato: advogadovagner@hotmail.com
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