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Felicidade, plenitude vital e cartas simbólicas


Inicio esse texto articulando uma questão central que estará permeando todas as conjecturas aqui descritas. - Você é feliz?



Há uma grande probabilidade de que a maioria dos leitores desse texto, incluindo seu autor, já tenham se questionado sobre a presença de um estado mínimo de felicidade, de sentido da vida, que compõe a plenitude humana perante as vivências. Se todos aqui já se questionaram, ou ainda, estimularam outros a responder se são felizes, antes de tomar essa atitude, buscou compreender, o que é a felicidade.


Contudo, a simbologia que compreende o estado de felicidade não é claro, possuem significados diferentes, desenvolvimento e progressão nos diferentes ciclos vitais, culminando em um ponto pouco questionado dado o estado de dificuldade em defini-lo.


Refletindo sobre o significado da felicidade e o estado de ser feliz, lembrei-me de uma prática que desenvolvo e que metaforicamente responde a questão perante a minha vivência. A prática citada é a escrita de cartas. Cartas de diferentes formatos, textos, simbologias, sentidos e motivos.



A única coisa permanente nessa ação é a apresentação física, sempre em papel e escrita a mão.

Recordo-me que a escrita dessas cartas iniciou logo após o meu letramento, quando escrevia pequenos textos para minha avó materna, como forma de felicitar sobre uma data ou agradecer sobre o cuidado despendido. As cartas foram evoluindo para presentear meus pais em datas comemorativas, após na adolescência assumiram um caráter amoroso, acompanhando ramalhetes de flores ou vinhos. E, esse processo de crescimento me fez observar que a carta assumiu um valor próprio, que externa os meus sentimentos para as pessoas.


Logo, me vi escrevendo cartas de aniversário para todos meus amigos, familiares e inclui meus colegas de trabalho, sempre observado como uma atitude esperada, acolhida, ou seja, cheia de signos, significados, simbologia, - um documento significativo. A articulação entre a escrita de cartas e o significado de felicidade ocorreu há poucas semanas e foi instigada por várias pessoas próximas que me questionaram se poderiam ganhar cartas de natal, sendo que não gostariam de aguardar até o seu aniversário para recebê-las, como tenho por prática.


No momento inicial, relutei, refleti e disse: - Se as cartas fossem escritas ao acaso e presenteadas aleatoriamente e com frequência, se tornariam rotina e logo cairiam no esquecimento. A magia da carta está na expectativa em recebê-la, no elo que integra a data festejada e os signos escritos sobre o papel. A sensibilidade em ler cada frase, ideia e pensamento, se fosse de maneira periódica, perderia o efeito do choro, do abraço e da felicidade.


Eis que apareceu a felicidade! Sim, a felicidade relaciona-se com a carta ao passo que é passageira, e está presente em alguns momentos e em outros não, logo ela é perceptível. Só sabemos que somos felizes quando perdemos esse estado vital. A perda nos faz identificar o sentimento que estava presente e não está mais.


Assim, tal como a carta que é escrita com amor e individualidade, a felicidade também é um acontecimento individual, mas que pode ser compartilhado coletivamente. Ainda, da mesma forma que a carta, a felicidade não deve ser esperada em todos os momentos, e sim valorizada e preenchida de valores a serem vividos com intensidade.




A plenitude vital é encontrada na compreensão e consciência de que a felicidade é importante, mas não contínua e, por isso deve ser valorizada em seus momentos.


Sobre o autor:

*Enf. Me. Luís Felipe Pissaia 

Enfermeiro COREN/RS 498541

Mestre e Doutorando em Ensino

Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços da Saúde

Docente Universidade do Vale do Taquari - Univates 

Enfermeiro de Rel. Empresariais - Marketing e Relacionamento Unimed VTRP

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