Por Andrea Oliveira
Feira que acontece na Fiergs, em Porto Alegre, até o dia 24, conta com 488 expositores e teve discursos em relação à reforma tributária por parte de autoridades presentes na solenidade de abertura
Diante de uma plateia atenta e que lotou o Teatro do Sesi, o presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados (AGAS), Antônio Cesa Longo, abriu o evento com uma reflexão sobre os 40 anos da feira, que chega a quatro décadas pelos méritos de muitas mãos trabalhadoras. "Expoagas não é somente antecipar tendências e alavancar negócios que fazem a economia girar, é palco de questionamentos para termos um setor cada vez mais responsável e sustentável para que todos tenhamos um mundo melhor", destacou.
Na solenidade de abertura da Expoagas 2023 – 40ª Convenção Gaúcha de Supermercados, ocorrida nesta terça-feira (22), no Teatro do Sesi, na Fiergs, em Porto Alegre, estiveram presentes diversas autoridades, incluindo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo e representantes de entidades estaduais e nacionais.
Em seu discurso, Antônio Cesa Longo criticou a forma como está sendo conduzida a reforma tributária. "Toda a reforma tem que ter o objetivo de simplificar. Infelizmente o que estamos vendo é que cada setor vai no seu governante e pede uma regulamentação ou um benefício diferente. Uns continuarão pagando mais do que os outros", analisa. O presidente da AGAS ainda lembrou que "o Brasil está no ranking mundial das maiores cargas tributárias e a que menos retorna pelo valor que os brasileiros pagam".
Em relação à Educação, o empresário salientou que, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), em estudo realizado em 2018 com 600 mil alunos de 79 países, abrangendo 32 milhões de estudantes pelo mundo, "o Brasil ficou nas posições 57 em Leitura, 70 em Matemática e 65 em Ciências, sendo que, na média geral o país ocupou a última posição". Em relação às questões legislativas, Antônio Cesa Longo aproveitou a presença de representantes destes setores para fazer um pedido de que "as leis sejam claras e cumpridas".
Nesta edição da Expoagas todos os 26 Estados e o Distrito Federal estão representados no evento. Longo saudou a participação de todos, especialmente das marcas do Rio Grande do Sul. "É imperioso que saudemos a presença maciça de empresas gaúchas entre os 488 expositores da nossa feira de negócios, todas companhias dignas de nossa admiração e de nossa atenção, já que o setor do varejo tem o dever social de fomentar o crescimento dos demais segmentos da cadeia. Somente no Estado do RS são gerados 132 mil empregos diretos e recebidas quase 4 milhões de pessoas diariamente em suas lojas", celebrou.
O governador Eduardo Leite ressaltou a importância da realização da Expoagas para a economia gaúcha, pois há a previsão de que sejam firmados mais de R$ 640 milhões em negócios. Sobre a reforma tributária, Leite ressaltou que é muito importante, mas que deve ser simples. "A insegurança e a incerteza são o grande problema. Somos empreendedores e uma reforma tributária é fundamental, mas é preciso que seja simples". Leite fez algumas críticas ao governo federal, em que classificou como "inadmissível a volta do imposto sindical". Ele ainda abordou a importância das privatizações no Estado. "Realizamos um amplo programa de privatizações de cinco empresas, onde o RS arrecadou mais de R$ 8 bilhões que já estão retornando em serviços para a população", enfatizou.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, destacou a importância do setor supermercadista para o Brasil, o Estado e os municípios e disse que o paço municipal será uma grande parceira caso a Fiergs tenha interesse em ampliar o espaço do Centro de Eventos para a realização da próxima Expoagas. Sobre a reforma tributária, Melo afirmou que "é igual à reforma política" e classificou esse processo como um "tapetão tributário". O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, ressaltou a importância do consumidor. "Sem ele não adianta nada a indústria produzir". Petry também afirmou que na reforma tributária, "todos têm medo do que vão perder" e que o RS transfere R$ 10 bilhões ao ano para a União e recebe R$ 2 bilhões. "Isso tem que ser resolvido", enfatizou.
O presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, afirmou que a Expoagas "consolida o setor como um centro de oportunidades fundamental para a qualificação, o que fará toda a diferença para o comércio gaúcho". Já o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), João Galassi, salientou o encontro nacional de jovens supermercadistas, que vai ocorrer durante a Feira e afirmou que a Abras seguirá "defendendo os interesses do consumidor".
Durante a solenidade de abertura, o empresário Mércio Tumelero foi homenageado com o Troféu Supermercadista Honorário. Ele disse estar orgulhoso em receber o prêmio da Agas e contou que, desde criança, lá em Sananduva, interior do RS, praticamente nasceu com a cabeça no balcão no negócio da família. "Eu era criança, pequeno e precisava de um banquinho para alcançar o balcão", lembrou.
Palestra de abertura
O economista Aod Cunha falou em palestra após a solenidade de abertura sobre os Desafios e oportunidades para o Brasil. Para Cunha, "é fundamental que o país aumente a sua produtividade", pois, segundo ele, a população brasileira está envelhecendo rapidamente. Ele explicou que o crescimento econômico pode ser decomposto entre o aumento da força de trabalho e da produtividade. "Quando termina o bônus demográfico, o crescimento da economia precisa vir, fundamentalmente, de uma maior produtividade", salienta.
Em relação à economia mundial, o economista afirmou que o mundo vem crescendo muito economicamente nas últimas décadas, pois aprendeu a gerar riqueza, porém, o Brasil sempre cresceu menos do que a média global e ainda muito menos do que os emergentes. "Nas últimas quatro décadas o Brasil desaprendeu a crescer", enfatizou.
Ao falar sobre o sistema tributário do país, Cunha chamou de "manicômio tributário brasileiro", explicando que "se somarmos todos os municípios brasileiros temos mais de 5 milhões de combinações tributárias". Como o Brasil está no final do seu bônus demográfico, conforme o economista, os desafios são imediatos em relação ao aumento da produtividade e das reformas. "O nosso país precisa olhar e aprender com o que aconteceu nas últimas décadas"
Fonte: Assessoria de Imprensa Expoagas.
Jornalista Andrea Oliveira
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